segunda-feira, 31 de maio de 2010

Entrevista com o professor Márcio Buson, pesquisador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo




O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, Márcio Buson, sindicalizado há mais de 11 anos à ADUnB desenvolove uma pesquisa que reaproveita as embalagens de cimento na criação de um dos materiais mais utilizado nas construções: o tijolo.
Confira a entrevista abaixo:

_Quando o senhor começou a desenvolver a pesquisa e como teve essa percepção?

Foi uma pesquisa desenvolvida no curso de doutorado da Faculdade de Arquitetura da UnB. Eu iniciei em 2006 e conclui em 2009. Na verdade, a idéia para a pesquisa começou durante um projeto de extensão aqui da UnB. Estávamos dando suporte técnico a treze famílias do varjão de baixíssima renda salarial. Nós fizemos um projeto de arquitetura para a produção dessas casas e as próprias famílias fizeram isso. Durante o período de fabricação dos tijolos, em um canteiro, eles usavam o solo cimento e jogavam de lado os sacos. Aquilo foi se misturando com a terra, com a chuva e se transformou em um barro. Quando fomos tirar esse material misturado, saco com barro, ele estava extremamente rígido, duro. Pensei... "quem sabe?" Propus, então, a pesquisa e ela foi aceita. Em 2006 iniciei aqui na UnB com a professora Rosa Maria Esposto, da Faculdade de Tecnologia. Fiz um estágio de doutorado na engenharia civil da universidade de Aveiro, em Portugal, com o professor Humberto Varum. Foi com o apoio da engenharia civil que eu consegui fazer o experimento arquitetônico. Estava preocupado não só em caracterizar o material, mas em usá-lo enquanto tijolo e testá-lo enquanto parede. Cheguei até o final da pesquisa construindo e quebrando várias paredes e, com uma delas, fiz um teste de resistência ao fogo. Executei uma parede de três metros de altura, composta metade de solo cimento e metade de krafterra, que ficava acoplada a um forno com temperatura acima de mil graus. O desempenho foi excelente e considerado um material corta fogo, resistindo por duas horas. A temperatura inicial era de 20º graus. Eu poderia alcançar a média de 160º a 200º graus. A faixa de BTC (Bloco de Terra Compactado), de solo cimento, chegou a 70º graus e a faixa de Krafterra chegou a 60º. Ou seja, o BTC é excelente na resistência ao fogo. A introdução das fibras de espécies do Kraft melhorou o seu desempenho, retardou a passagem de calor. Imagine isso em uma casa, com o sol lá fora, o calor vai demorar mais tempo ou nem vai chegar do lado de dentro, com a introdução das fibras. Isso comparado a um tijolo de solo cimento.

_Qual a técnica utilizada para a produção do tijolo?

Na pesquisa foi usado o BTC (Bloco de Terra Compactada). Mas esse material pode ser utilizado em várias técnicas da arquitetura de terra. No BTC, no adobe, na taipa de mão, na taipa de pilão, no cope e em outras tantas. É um material que pode ser usado de várias formas.

_Quais são os materiais utilizados para a produção do tijolo?

Nesse caso, em que o foco é o saco de cimento, basicamente terra e fibras dispersas do papel Kraft natural. A partir daí vou colocando aditivos, dependendo da necessidade. Ou um pouco de cimento, ou um pouco de cal, ou impermeabilizante, ou fungicida. Alguma coisa que, dependendo do comportamento do material, vá se misturando com esses aditivos para melhorar as características ou minimizar alguma propriedade que não está bem definida. Uma das coisas que foi detectada na pesquisa é a absorção de água. O tijolo de terra normalmente já absorve água. Quando introduzi o papel, não teve jeito, o percentual de absorção de água aumentou um pouco. Isso significa que, muito provavelmente, precisará de algum impermeabilizante.

_Como é o processo de produção do tijolo?

A primeira etapa é a da reciclagem do papel. Coloca-se o papel na água pura dispersando as fibras. O papel Kraft natural é muito resistente. O material é dispersado e as fibras são soltas. A partir daí, não se tem mais o papel e sim as fibras ou polpa de celulose como chamamos. Em seguida, retiro o excesso de água dessa polpa e disperso as fibras para ficarem bem soltas. Em seguida pego as fibras soltas e misturo com o solo, compactando na máquina, para produzir o BTC, ou misturo com o solo e adenso numa forma para adobe, ou faço essa mistura e aplico direto na parede.

_Quais as vantagens desse tijolo em relação ao tijolo comum?

O tijolo mais comum é o tijolo cerâmico, aquele com oito furos. Na sua produção já existe uma enorme diferença. O tijolo cerâmico é composto também de barro e terra, só que com um percentual de argila um pouco maior. Eu pego este material, produzo em um forno e queimo para transformar em cerâmica. Então, só a parte da queima já consome um mundo de recursos naturais, muita energia, carvão, ou eletricidade. O BTC não tem a queima, por isso é até comercializado como tijolo ecológico. É um tijolo que não passa por queima. Eu pego os constituintes dele misturo e deixo secar, apenas. Não é preciso queimar. O Krafterra também já tem toda a questão ecológica, ambiental e de reciclagem de resíduos sólidos da indústria da construção civil. Em 2008, o sindicato nacional da indústria do cimento publicou em um relatório que só naquele ano foram despachados no Brasil cerca de 647 milhões de sacos de cimento de 50 quilos. Então, utilizando um saco de cimento para cada tijolo, eu poderia, entre aspas, produzir 647 milhões de tijolos. E este é um material que não vai parar de ser produzido. Estou apenas falando de sacos de cimento. Existem sacos de argila, de argamassa e outros tipos de embalagens que utilizam o papel Kraft natural. Com a introdução das fibras eu reduzo a quantidade de estabilizante, usualmente utilizada nesses tipos de tijolos.

_Quais as vantagens para o meio ambiente?

As toneladas e toneladas de sacos de cimento, que deixam de ser jogada na natureza podendo ser reaproveitada e se transformando em um novo material. Isso é essencial. Se é possível fazer uma casa com o mesmo material que já está ali naquele local, por que não? Eu elimino o transporte e vários outros componentes que resultarão em um produto ecológico se comparado a outras técnicas de construção. É um material básico, ecológico. Tem a questão da reciclagem, que elimina várias etapas da produção na construção. Somando tudo isso, esse tijolo pode ser considerado um material econômico sustentável.

_O tijolo já está sendo comercializado?

Não. Por ser pesquisador de uma universidade federal, acho que é minha responsabilidade não só colocá-lo no mercado de uma forma segura, mas também após uma verificação em condições naturais, reais. Todos os experimentos feitos até hoje, foram em laboratório. Primeiro é preciso produzir um protótipo, construir uma casa e expor ao sol, à chuva, ao vento, à umidade do solo, ver se terá fungo, mofo, bolor, enfim, como será seu comportamento no dia-a-dia.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O arquiteto e a crise ambiental e climática



Em 1972 se realizou a conferência de Estocolmo sobre o ambiente humano. Na década de 70 houve as crises do petróleo, que chamaram a atenção para a finitude desse recurso e para a necessidade de se repensar a matriz energética. (Figura – Fritjof Capra)

Nós arquitetos, fomos chamados a pensar a arquitetura bioclimática e o tema da energia e em como projetar com o clima, a ventilação, a iluminação a sombra e o ar na arquitetura tropical.

Diante da crise climática e ambiental, cresceu a consciência da necessidade de agir para neutralizar ou contrabalançar os processos destrutivos que ocorrem no planeta e para evitar custos maiores associados com a não ação. Essa percepção e consciência no Brasil tiveram um primeiro impulso na Rio-92.Em 2007, o tema climático entrou com força na agenda. A partir daquele ano, no mundo todo, houve uma explosão de consciência, induzida pelos relatórios do IPCC Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas que afirmavam que inequivocamente a ação humana as causava; e por filmes que comunicavam de forma clara esses problemas tais como Uma verdade inconveniente, de Al Gore, e O dia depois de amanhã, de Roland Emmerich. O IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas identificou na área do ambiente construído grandes possibilidades para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

O tema ambiental deixou de ser periférico, de interesse de uma minoria, por razões de ética ecológica e defesa da vida; passou a ser central, com forte componente econômico e de segurança, pois cresce a percepção dos custos e dos riscos envolvidos com as mudanças climáticas.

Nossa atividade profissional está influenciada por inúmeras forças que a condicionam e das quais pode ser difícil escapar. Há condições de contorno que levam o arquiteto a propor certas soluções. De certa maneira, ele é a ponta de um iceberg que se move a partir de poderosas correntes movidas pelas imobiliárias, as construtoras, a indústria de materiais de construção, as instituições de pesquisa e educacionais; os governos com seus códigos e regulamentos, a mídia que modela o gosto dos clientes dos arquitetos.

Cresce a importância da responsabilidade dos arquitetos na gestão da crise ambiental, pois a população mundial, cada vez mais urbanizada, exige respostas criativas para que viva com conforto e com baixa emissão de carbono e de gases de efeito estufa.

Os arquitetos têm possibilidades de atuar nos dois grandes tipos de ações relacionadas com as mudanças climáticas: ações de adaptação e de mitigação. No campo da adaptação, preparando as edificações para resistirem a eventos climáticos cada vez mais fortes e extremos – tufões, ventanias, furacões etc. Frei Rosário, na Serra da piedade, dizia que usava ali o coeficiente monástico de segurança: ele reforçava os ferros e o concreto para evitar que o clima e os ventos danificassem as obras.

Ainda no campo da adaptação é relevante evitar a ocupação do solo em áreas de risco – fundos de vales sujeitos a enchentes e a inundações, encostas íngremes sujeitas a deslizamentos e desmoronamento. E cada vez mais, áreas que não eram de risco passam a ser arriscadas de serem ocupadas. Vimos recentemente as fotos do tsunami no Chile, pós terremoto, que mostram barcos grandes dentro das cidades, arrastados pelas ondas.

Um tema ecosocial é o da exclusão territorial ou espacial. A exclusão dos lugares, pessoas sem lugar no mundo da propriedade privada, sem casa, sem terra, sem teto, sem lugar ao sol - e esse é um tema da maior relevância num país extremamente desigual socialmente como o Brasil. Alem disso, há a questão da acessibilidade física aos prédios e da eliminação de barreiras arquitetônicas para aqueles portadores de necessidades especiais: uma escadinha pode complicar a vida, assim como calçadas esburacadas, transportes públicos inadequados...

No campo da mitigação, ou das medidas e ações para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, são relevantes e estão dentro das possibilidades criativas dos arquitetos a arquitetura de baixo carbono, o ecodesign, a arquitetura ecológica, na qual se possa obter condições de conforto ambiental, térmico, luminoso, acústico – com o mínimo de gasto de energia.

Os arquitetos projetam, normalmente, levando em consideração aspectos estéticos e plásticos, aspectos de custos e prazos de execução das obras. Mas precisam cada vez mais ser ecologicamente conscientes de que o seu ato de projetar provoca impactos ambientais, sobre o consumo de energia, sobre o clima. O arquiteto ecologicamente consciente e responsável leva em consideração tais aspectos quando escolhe um partido arquitetônico, quando posiciona a edificação no terreno, quando conhece os ventos dominantes e a direção do sol, quando especifica materiais. Assim também, em todas as operações envolvidas na concepção, no detalhamento de um projeto arquitetônico ou urbanístico e no acompanhamento de sua execução.

Somos membros de uma mesma espécie de homo sapiens, que toma consciência de que suas ações causam impactos, mudam o ambiente e o clima do planeta, passa a ter um papel cada vez mais importante como gestora da evolução.

Nessa condição, podemos usar os conhecimentos profissionais de cada profissão e da nossa, para agirmos de forma ecológica e climaticamente consciente e responsáveis e não sermos levados pelas ondas do mercado.

Como arquitetos, dispomos de um cabedal de conhecimentos e de sensibilidade e criatividade para ajudar a criar o ambiente construído com baixa intensidade de carbono, que provoque o mínimo de impactos ambientais negativos sobre a natureza e sobre o clima. O arquiteto consciente da natureza, o arquiteto que faz arquitetura como cultura – não apenas a arquitetura do passado como nossas cidades históricas, Ouro Preto, Tiradentes – são patrimônio cultural, mas também a arquitetura que se faz hoje é cultura. E não pode ser apenas reduzida a mercadoria com valor econômico no mercado imobiliário.

As cidades e o ambiente construído vêm sendo reduzidos à sua dimensão econômica e imobiliária. Eles precisam ser vistos como produtos culturais e sua qualidade ser valorizada. Especialmente nesse início do século XXI, a crise climática, ecológica e ambiental nos chama para darmos nossa contribuição na construção de respostas criativas para os mega problemas com que nos defrontamos.

Podemos aprender com a arquitetura que se fazia no período pré energia elétrica – a arquitetura colonial mineira, a arquitetura indígena nos inspiram com conceitos e soluções que podem ser conhecidas e cujos princípios podem ser aplicados na arquitetura contemporânea.

Não vivemos mais num mundo de energia abundante e barata como aquele percebido na primeira metade do século XX que produziu a arquitetura moderna. Vivemos num mundo marcado pela crise climática e ecológica, pelo adensamento demográfico, pela explosão urbana e precisamos aprender a fazer uma arquitetura e um urbanismo que dêem respostas criativas aos desafios do século XXI.

Os arquitetos têm um papel importante na ecologização da produção das cidades, para que possamos profissionalmente contribuir para enfrentar o desafio ecológico com que nos defrontamos nesse momento de nossa evolução sobre o planeta Terra.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Situação ambiental

www.guarabira.jex.com.br


A situação do meio ambiente nos coloca frente a um grande desafio, que é a sua preservação. Mas, ao mesmo tempo que cuidamos desse lado, chegamos a outra questão também importante. Devemos preservar sim, mas se preocupando também com um desenvolvimento justo onde a sociedade tenha permissão de uma melhor qualidade de vida em todos os sentidos.
Temos necessidade de firmar novos modelos de desenvolvimento sustentável no país exigindo construçoes de alternativas orientadas por uma racionalidade ambiental e uma ética da solidariedade.
Apesar de que vivemos numa sociedade onde não há uma boa formação e um conhecimento favorável aos diversos problemas ambientais, as pessoas vêm se conscientizando de que esse crescimento exagerado esta afetando o nosso planeta muito mais do que o desejado. Temos observado que a destruição da natureza por meios de degradação e contaminação dos ecossistemas cresce cada vez mais e este é o motivo pelo qual é totalmente necessário diminuir de forma considerável os impactos causados ao meio ambiente para obtermos um desenvolvimento equilibrado para todo o planeta.

Como um instrumento para preservação ambiental,nós temos leis que regem a forma de agir com o meio ambiente. Embora muitas vezes estas leis sejam desobedecidas, temos que utilizar os meios existentes a fim de manter os recursos e ambientes naturais que nos restam.
Com o vanço da legislação brasileira o país vem expondo a importancia da conservação dos recursos naturais para a manutenção da qualidade de vida do planeta. No momento, o assunto é a criação de mecanismos fiscais que busquem equilibrar a delicada balança do consumo de recursos naturais que se encontra extremamente favorável para países desenvolvidos.
O ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL é no Brasil um dos instrumentos legais mais energético, pois é um instrumento de contribuição à preservação do meio ambiente. Esta lei permite que haja isenção tributária para pessoas que preservem e protejam as florestas em áreas de equilibrio fragil como em áreas próximas a cursos de água, topo de morros ou em outras situações que seja tão importante a preservação.

Arquitetos internacionais falam sobre sustentabilidade


Os entrevistados foram: o arquiteto uruguaio Rafael Lorente, o brasileiro Eduardo Castro Mello e o espanhol Carlos Lamela.

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Lorente explicou que os projetos arquitetônicos precisam levar em conta a importância das culturas locais para obras que reverberam nos destinos turísticos, o que pode trazer até conceitos de sustentabilidade

Considerado um arquiteto-escultor, que gosta de emocionar, instigar, podendo denominar-se isto, até certo ponto, um radicalismo, Lorente falou à Revista Sustentabilidade sobre o desafio de ser criativo em meio tanto à escassez de recursos no mercado do Uruguai, quanto à responsabilidade em garantir o bem estar das gerações futuras.

RS:: Sua exposição demonstrou que possui um talento significativo na concepção de formas construtivas. Como o poder público influencia no resultado de seu trabalho, visto que as restrições orçamentárias em seu país são grandes, e qual seu nível de consciência em relação à implementação de soluções sustentáveis em suas obras?

RS:: Os projetos arquitetônicos precisam ser aprovados por comissões, que analisam com rigor as propostas contidas no memorial. Acontece que nem sempre eles (os projetos) são vistos com bons olhos. Na realidade em que vivemos, nada se desperdiça.

Nosso escritório elabora obras para clientes públicos, o que nos remete a uma estreita relação com a planilha de orçamentos. Precisamos ter uma responsabilidade muito grande com os números, ou simplesmente não ganhamos a obra. E nem sempre conseguimos adequar o conceito sustentável, já que isso demanda uma alocação maior de recursos.

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Eduardo Castro Mello, arquiteto responsável pelo projeto de remodelação do estádio Mané Garrincha, palco dos jogos a serem realizados em Brasília durante a Copa do Mundo de 2014, sugeriu a importância dos equipamentos esportivos no desenvolvimento das cidades. Mello exibiu com orgulho sua proposta de uma edificação com uma cobertura inusitada de formato circular, que lembra o olho humano, como se o mesmo estivesse sendo ininterruptamente observado pela legião de fãs do esporte.

RS: Os organizadores da Copa manifestaram um interesse grande em fazer da edição brasileira um marco em termos de arquitetura e respeito aos anseios de sustentabilidade, especialmente nos estádios novos. O sr. acha que atingiu o objetivo?

Mello: A pergunta é interessante em ambos os sentidos. O projeto do estádio original é de meu pai (arquiteto Ícaro de Castro), e esse já é um motivo pessoal suficientemente significativo para que eu chegasse a um resultado satisfatório. Ter a oportunidade de concretizar uma ideia que abrigará milhões de pessoas por ano, e será vista por bilhões de espectadores num evento dessa magnitude, já é um grande prêmio e uma grande responsabilidade também. Buscamos dar ao Mané Garrincha um caráter de palácio, como os existentes desenhados por Oscar Niemeyer, espalhados pela capital federal. Mas com a diferença de que fosse esse visitado pelo povo.

RS: E a responsabilidade com o meio ambiente?

Mello: Essa é a segunda parte da pergunta. O estádio foi todo planejado para que o usuário tenha um conforto difícil de se sentir nos espaços abertos em Brasília, cujo clima é extremamente seco. Planejamos as arquibancadas e a cobertura respeitando um nível de circulação eólica satisfatório. Prevemos também a captação de águas pluviais, a serem utilizadas na irrigação do campo e no fluxo aos vasos sanitários. Serão instalados, na cobertura, paineis fotovoltaicos, tornando o estádio autossuficiente na geração de energia para iluminação das arquibancadas.

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Lamela, responsável pela elaboração de vários projetos na Europa, é um dos grandes nomes da arquitetura esportiva mundial, desenvolvendo estádios de futebol de formas extremamente interessantes, alguns deles com propostas incomuns de anexação de edifícios de escritórios.

Dentre seus trabalhos, destaque para a ampliação do Estádio Santiago Bernabeu, do Real Madrid C. F., um exemplo de otimização de espaço exíguo.

Carlos Lamela passou a ser muito requisitado por governos de outras nações após execução do Terminal 4 do Aeroporto Barajas, em Madrid, uma obra imponente (como todo aeroporto), mas com uma linguagem fiel a sua contemporaneidade.

Somados estes projetos a outros comerciais, tais como o suntuoso contact center do Banco Santander, no México, a Revista Sustentabilidade quis saber qual a diferença de relacionamento entre os clientes público e privado, além de como isso influencia na concepção formal e na implementação de soluções racionais.

RS: Observa-se que o senhor possui uma variada e seleta carteira de clientes. Existe uma diferença grande entre o poder público e a iniciativa privada, no que tange às expectativas e resultados de seus projetos?

Carlos Lamela: Da minha relação de clientes, 80% representam empresas civis, e o restante são órgãos governamentais. Há uma significativa diferença entre eles, sim. Em alguns casos, um segue um determinado critério, que para o outro já se torna irrelevante.

RS: Como assim? Os processos construtivos são diferentes? Aproveitando o ensejo, as soluções sustentáveis são encaradas com a mesma consideração?

Lamela: O cliente do poder público encara os sistemas sustentáveis indispensáveis na abordagem do projeto, e isso afeta os processos construtivos, a especificação dos materiais. E eu considero isso um grande exemplo, que deveria inclusive ser melhor seguido pela iniciativa privada. Vejamos o exemplo dos estádios, que pertencem a clubes, hoje empresas privadas. Se pararmos para pensar, lá se pratica esporte, que significa saúde. Não seria lógico um ambiente que inspira uma atmosfera saudável dar o exemplo para se tornar o mundo igualmente saudável, utilizando-se de tecnologias baseadas em energias renováveis? Tem que se apostar mais nisso.

Fonte: http://www.rumosustentavel.com.br

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Escritório suíço RAFAA propõe torre solar como marco para as Olimpíadas de 2016





O escritório suíço RAFAA divulgou recentemente um projeto conceitual para o Marco das Olimpíadas de 2016, que seria erguido na ilha de Cotonduba, no Rio de Janeiro. Além de servir como ponto turístico, o Solar City Tower será capaz de gerar energia suficiente para abastecer a vila olímpica e parte da cidade fluminense

"O desafio foi projetar uma torre de observação sustentável que também se tornasse um símbolo de boas-vindas para os visitantes que chegam ao Rio de Janeiro por via aérea ou marítima", diz o memorial descritivo do projeto. Durante o dia, a torre captaria energia solar por meio de painéis localizados ao nível do solo (a 60 m do nível do mar), na entrada do edifício.

O excesso da energia solar produzida seria aproveitado para bombear a água do mar para o interior da torre, produzindo um efeito de queda d''água no exterior da torre. Esta queda d''água também seria utilizada para gerar energia durante o período noturno.

O projeto prevê, abaixo do nível do solo, a construção de anfiteatro, café, loja e áreas de administração do Marco Olímpico, além dos elevadores públicos que levam os visitantes ao terraço de observação. O edifício ainda teria uma plataforma retrátil para saltos de bungee jumping a 90 m do nível do mar.

"Após ter hospedado a United Nation''s Earth Summit em 1992, o Rio de Janeiro será mais uma vez o ponto de partida para um movimento verde global e para um desenvolvimento sustentável de estruturas urbanas. O Marco pode ajudar a cidade a transformar-se até mesmo em um símbolo para os primeiros Jogos Olímpicos com emissão zero de carbono", acreditam os arquitetos.

Segundo o escritório suíço, o projeto participará do concurso internacional do Marco Olímpico para o Rio de Janeiro, anunciado em outubro de 2009 pelo prefeito fluminense Eduardo Paes e a então presidente do IAB-RJ (Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento Rio de Janeiro), Dayse Góis. Na época, os representantes chegaram a assinar convênio de cooperação técnica para a criação do concurso, mas até agora ele não foi lançado oficialmente. De acordo com informações da assessoria de imprensa do IAB-RJ, a entidade fará uma reunião com a prefeitura em julho para acertar o futuro da competição.

Fonte: http://www.piniweb.com.br

De olho na sustentabilidade, arquiteto da Arena da Baixada vai à África do Sul


Diego Pérez integra comitiva de arquitetos das arenas brasileiras para Copa 2014 irão visitar estádios e demais estruturas da Copa 2010

O time de arquitetos dos estádios brasileiros para a Copa do Mundo 2014, entre eles Diego Pérez, um dos projetistas da Arena da Baixada, embarca neste domingo (28) para a África do Sul. A comitiva irá visitar todos os estádios e várias instalações que receberão os jogos e torcedores na Copa do Mundo deste ano.

A missão foi organizada pelo Portal 2014, que é uma realização do Sinaenco – Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia. A reportagem tentou contato com o representante de Curitiba na viagem, mas não obteve êxito. Entretanto, entrevistou Carlos Arcos, proprietário do escritório de arquitetura Viglliecca e Associados, responsável pelo projeto de conclusão do estádio do Atlético Paranaense.

Para ele, as viagens feitas constantemente para a África do Sul servem para outros países que já receberam jogos da Copa do Mundo, como a Alemanha, contribuem muito para os projetos a serem desenvolvidos no Brasil. “Depois de conhecer os projetos, podemos finalmente ver algumas das obras prontas ou em fase final de conclusão. A visão é diferente entre cada uma das etapas”, explicou Arcos, por telefone, à Gazeta do Povo.

As visitas feitas nesta época não devem influenciar a base dos projetos das arenas brasileiras, mas podem servir como exemplo para a implementação de novidades tecnológicas. “Temos um excelente conhecimento dos estádios da Alemanha e agora os da África. Mas quatro anos é muito tempo para se desprezar as novidades técnicas. O mercado mundial esta sempre em evolução e precisamos estar atentos ao que tem sido feito e melhorado”.

Para Carlos Arcos, Diego Peréz estará atento às novidades de sustentabilidade. “Também coisas tecnológicas e de funcionalidade. O mundo esta mais atento à sustentabilidade e precisamos acompanhar isso”, acrescentou.

Sobre o andamento das obras da Arena da Baixada, Luiz de Carvalho, assessor de Relações Institucionais da Prefeitura de Curitiba e membro do comitê de assuntos para Copa 2014 na capital paranaense, tudo esta dentro do programado. “Estamos na frente da demais, afinal as obras começaram no ano passado com a conclusão do primeiro anel da Brasílio Itiberê. Tudo devidamente aprovado”, disse.

Um projeto atualizado de conclusão da Arena da Baixada, com várias alterações, já foi aprovado pela seção sul-americana da FIFA e atualmente esta no escritório central da entidade, na Suíça. “A FIFA sempre pede alterações a atualizações, mas nada de grande monta. São pequenos detalhes, mas que já foram aprovados aqui na sul-americana e agora foram para última análise na central. Posso garantir que estamos agradando”.

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br

domingo, 23 de maio de 2010

Sustentabilidade é tema nacional da CASA COR 2010


Reduzir a produção de lixo e reeducar o mercado para um processo de responsabilidade ambiental estão entre os objetivos da mostra, marcada para março em Florianópolis.

Em menos de dois meses o público catarinense poderá conferir a vinda do maior evento de decoração, arquitetura e paisagismo das Américas para Santa Catarina. A CASA COR terá o Centro Integrado de Cultura (CIC) de Florianópolis como palco para a edição catarinense, a primeira de 2010, que iniciará as mostras por todo o Brasil.

Para este ano, o público pode esperar ser surpreendido pelo trabalho dos mais de 100 arquitetos, paisagistas, designers e decoradores envolvidos. Em 2010 os organizadores estão focados na sustentabilidade, com o tema nacional "Sua casa, sua vida, mais sustentável e feliz".

É por isso que o grupo Casa Cor firmou parcerias com empresas como a Sustentax, para aprimorar a atuação de arquitetos, paisagistas, decoradores e designers com práticas que favoreçam o meio ambiente.

O trabalho pretende fazer com que os que os envolvidos com a mostra catarinense incorporem a responsabilidade socioambiental por meio de um processo de reeducação do mercado, informando sobre as práticas mais indicadas, com impactos positivos também no aprimoramento profissional e no reconhecimento do público em geral.

Além das inovações no design e nas cores, a CASA COR Santa Catarina propõe uma adaptação de comportamento. O conceito adotado este ano envolve inovação arquitetônica, artística e sustentabilidade. Outro grande desafio é o de provar que é possível criar ambientes sustentáveis sofisticados, confortáveis e de bom gosto.

A primeira meta é reduzir o lixo em 70% e, para alcançar o objetivo simbólico do selo Lixo Zero, os materiais descartados serão separados em categorias. A elaboração dos projetos leva em conta a utilização dos materiais após o uso, no chamado design reverso.

A incorporação da sustentabilidade ao evento envolve o uso de materiais ecologicamente corretos na preparação dos espaços, orientação aos expositores, separação e reaproveitamento do material descartado.

Fonte: http://www.voluntariosemacao.org.br/